"Comer o quê?" Terá ele pensado. A esta hora o que me apetecia mesmo era a bela da peida duma gaja com varicela. Com varicela é melhor não, pensou ele, que pode ser contagioso e da última vez fiquei sem voz!!! E gritei bem alto VÃO-SE FOOOOOOOODER TODOS!!! "Espera, devo estar a sonhar, não posso ter gritado se estava sem voz", dizia enquanto saía de casa, só de chinelos, para ir buscar cebola, para fazer um cházinho para então, sim, gritar à vontade.
Mas só em chinelos e sem voz ninguém vai muito longe! Mal punha o pé na rua, o Sorna foi preso por atentado ao pudor e levado para casa dos recém casados Casal Gouveia! Onde, tendo chegado de surpresa com a polícia, encontrou o Fundão a brincar com o sidoso! Oh! não, o fundão não era certamente e o sidoso não brinca assim! Foi ver estava a alucinar! A varicela tem coisas assim... O que os polícias, livres de varicela, viam, era um par de gémeos a brincar no tapete! Parou de brincar e agarrou o bastão da policia e vomitou, deu uma barra na triste da Meg e disse " Palavras para quê? Antes preso que caluniado! "
Os polícias, vendo o desespero do pobre rapaz, deixaram-no livre, ainda só com os chinelos e sem voz, e eis então que saem de casa os "simpáticos" vizinhos do Casal Gouveia. Ele(o vizinho) com uma faca na mão e ela a gritar "Foi ele!". Eis então que o Sorna vê a Rimunda, a mulher do vizinho. "Não posso crer", pensou ele com ar pasmado. Aquela árvore tem uma ramagem que me faz lembrar a penugem púbica de uma ovelha antes da tosquia, isto enquanto se aproximava o vizinho, de faca na mão, acicatado pela respectiva.
Sorna tinha tido uma aventura de uma noite com a vizinha na noite da despedida de solteiro do Fundão, depois de ter estado num bar de alterne com avós dúbias, e de ter bebido uns copos valentes, de ter abandonado o resto do grupo e partido para a casa do Fundão, eis que ao chegar apenas encontrou a vizinha e por onde já tinha passado naquela noite, pensou: "Pior não há-de ser"!! e consumiu o acto. Consumiu e não pagou, daí a raiva assassina que se aproximava perigosamente. Eis que passa na rua um saca-rolhas gigante em forma de dildo rugoso. Sorna ainda combalido com o que aconteceu ao seu "amigo" de longa data num quarto em NY, agarra-se ao saca-rolhas com todas as suas forças e sentiu-se a ficar cego. Depois sentiu um ardor na zona genital. Sim, era o saca-rolhas assassino deportado dos states e fugido de uma daquelas Ford Transit cremes com ventilador na porta lateral.
- Gritos de doooor, gritos de prazer, um homem também chora quando assim tem que ser... Foram tantas as noites.... -
E o saca-rolhas assassino começa a chorar. Se é das memórias de infância que aparecem à tona quando ouve Pedro Abrunhosa ou se é da cor dos chinelos, ninguém saberá, porque amanhã é um novo dia e ele anda doente! Nada das típicas DST mas sim, uma simples gripe! Não lhe restava mais alternativas senão o afastar pesado daqueles de quem outrora confiou e se apoiou. Resta-lhe viver e beber, para miúdas giras barrar e 2 dias depois se embebedar! Mas em fim, como é muitas vezes lido num muro na famigerada terra de Queijas: "Nem todos os que vagueiam estão perdidos" - o nosso herói deambula pela avenida a baixo em busca de famosa cura tiro-e-queda para a gripe e da mítica cura para a ressaca que ainda não morreu.
Mas, desgraça das desgraças, ao atravessar uma rua o nosso herói assiste, impotente, ao desaparecimento de um dos chinelos por uma sarjeta abaixo. Já em pânico (era o chinelo preferido, o esquerdo) olha para cima e vê um helicóptero da TVI a fazer o acompanhamento do desastre das cheias em Queijas que já tinha levado gatos e chinchilas, e que agora lhe levava o chinelo. AH! O drama. Ah! O terror. O heli despenha-se perto do nosso herói que vai comer uma beterraba, pelo rabo, de forma a ganhar força para...
(Urge aqui explicar o vício que o nosso personagem tem por beterrabas: a semelhança fónica gritante com uma parte da anatomia humana não podia deixar de ter este efeito.)
... continuar a procurar o seu chinelo preferido. Mas que azar.. A beterraba esteve em contacto com aquelas águas que inundaram Queijas e o resultado foi de novo um surto daquela doença estranha da qual ele andava a procura da cura.
Com o passar dos dias a dor foi passando, a voz foi voltando e tudo voltou ao estado normal. (Ou seja o nosso herói já só andava embriagado). Foi então que se encontrou um velho conhecido na rua. Encontrou o Vitinha com uma daquelas estatuetas das caldas na boca! Sem achar estranho, perguntou: "Tu aqui? Mas tu não estavas nos States?". "Sim estava nos United Estates of Alentejo....". "Mas diz-me Vitinha... O que fazes com essa estatueta na boca? Fui eu que te a emprestei? Podes ficar com essa tenho mais 147 iguais em casa. " O Vitinha surpreendido com a generosa oferta agradeceu. Pelo que o Sorna continuou o seu caminho.
Fim do Capitulo I
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